O que se segue é meramente a minha opinião desinformada, e tentarei ser breve.
Estamos neste momento em plena crise económica, a terceira desde que vivemos em democracia. Mas como não podíamos ficar por aqui, decidimos enveredar também por uma monstruosa crise política. Parece-me no entanto que esta última não só é um reflexo dos problemas monetários do país, mas um espelho da falta de comunicação crónica e birras políticas que temos em Portugal.
Quarta-Feira foi um dia em cheio para os portugueses. Depois de uma tarde a assistir em direto a votação do PEC4 no parlamento, da emoção e do suspense, chega o clímax do dia, da semana, do ano: a demissão de José Sócrates.
E toda a gente aplaude. Ignoram, talvez, os meses que se seguem. A demissão de Sócrates, ao invés de ser um sinal de triunfo do povo sobre o PEC, sobre o partido socialista, e sobre o próprio primeiro-ministro, é um passo direto para a catástrofe. E lá chegaremos, em breve.
Que se desenganem aqueles que acham que o PEC não vai ser aprovado. O PEC vai ser aprovado, o 4, o 5, e todos aqueles que nos exigirem. Independentemente do partido que tomar posse (se não formos à falência até lá), as medidas base serão as mesmas, ou piores.
E desiluda-se também quem acha que José Sócrates foi forçado a sair do governo. José Sócrates saiu do governo, sozinho, por seu próprio pé, e ainda conseguiu pôr as culpas na oposição. A oposição por sua vez mordeu o isco e empurrou o país para o fundo, só mais um bocadinho. São todos igualmente responsáveis pela situação em que nos encontramos agora, e por aquela que podemos antecipar.
E uma nota final, para os que não sabem: Ângela Merkel não é presidente da Comissão Europeia. Mas é chanceler do país origem da maioria dos credores Portugueses. Talvez os interesses dela não sejam os melhores para o país.
Por isso expliquem-me o que é que ganhamos com a demissão de José Sócrates?
Ganhámos a birra que estávamos a fazer até aqui.
Além disso, deixo as expectativas para o país pós-eleições:
Cenário à esquerda: PCP e Bloco de Esquerda (+ PS) - ALTAMENTE IMPROVÁVEL
Cenário Central: PSD - CDS-PP - PS (- Sócrates) - SEM OPOSIÇÃO E ALTAMENTE IMPROVÁVEL
Cenário à direita: PSD - CDS-PP: Privatizações, mais impostos
Cenário PSD: Minoria, impossível
Cenário PS: Minoria, impossível
Preparemo-nos então para o resgate, e para a crise que virá depois desta. Com muito otimismo espero que daqui a três meses, tenhamos mais maturidade política.
Cumprimentos,
B.
* Este post foi escrito ao abrigo do filho da p*ta do Acordo Ortogŕafico
6 comentários:
Há gente que fala de privatizações como se fossem um crime. As provatizações são uma coisa boa mas que tem de ser analisada, decidida e depois controlada, não pode apenas ser rejeitada por ainda ser algo 'tabu' para a esquerda portuguesa.
A única maneira que vejo para sair da crise sem resgate é uma coligação à direita com Paulo Portas como PM, (não, não estou a brincar) mas, o mais perfeito seria uma coligação de direita mas com José Sócrates como PM (seria perfeito). E era bom ter um governo com personalidade e força(para variar).
Paulo Portas como PM? wtf meu..
Vamos lá ver, privatizar as empresas que dão mais lucro por causa do ganho imetiato não é o que eu chamo uma boa gestão das contas públicas. E quando tu falas em privatizar parte da CGD, estás a dizer que vais dar aos investidores privados sobre o banco mais estável em Portugal, e acabar com a confiança mínima da população nos bancos. E a as aguas de portugal implica aumentos no preço e uma perspectiva de lucro em algo que é um bem essencial. Isso sem falar das possibilidades de privatização de parte do sistema nacional de saúde e educação que já foi levantada pelo PSD anteriormente.
A saúde e a educação serem privatizadas em Portugal era o melhor que podia acontecer a este país, são buracos sem fundo de sistemas corrompidos pelo tempo e sua paragem no tempo.
Privatizar a CGD não faz sentido, isso é certo, mas há muita empresa em que está a ser pensada a sua privatização que é tudo menos lucrativa.
Era o melhor que podia acontecer? deves ter dinheiro no banco para pagar as taxas todas, tu. Porque eu nem sequer posso pagar as taxas moderadoras, e os 15 euros por sessão de fisioterapia, e os exames de sangue que tenho de fazer de três em três meses.
o serviço nacional de saúde devia ser opcional. eu pago todos os meses seguro de saúde para poder ter um atendimento melhor e menos espera, etc, etc, como tal, não deveria pagar o SNS nem descontar para isso. certo? A Margaret Thatcher disse bem "The trouble with socialism is that eventually you run out of other people's money." portanto para tu pagares 15€ de fisio (e não 100) ando eu a descontar para isso quando não utilizo. Correcto? Não me parece
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