Desde a semana passada que acessores, secretárias, diretores de comunicação, economistas, analistas, jornalistas, fiscalistas... estão fechados para férias.
Aqueles que ainda há menos de um mês criticavam a falta de responsabilidade da maioria e o pouco zelo laboral. Esses que durante as semanas que antecederam as eleições fizeram da economia e do caótico estado das finanças uma extenuante conversa diária. Mas que perante a oportunidade de férias, perante os belíssimos feriados que ponteiam o mês de junho... desapareceram dos escritórios.
Estima-se que cada feriado custa 37 milhões de euros ao país.
E depois desses, há os outros: aqueles que vão ser despedidos entre esta semana e o fim do mês. Que têm rendas e serviços de triple play para pagar. Mas estão deprimidos? Não. Estão a ansiar pelos dias em que não terão de se levantar às 7 da manhã, em que poderão ir à praia, e na falta de dinheiro para a gasolina, deitar-se em esplanadas e varandas a apanhar sol e beber cerveja.
Estima-se que em 2013 o desemprego vai alcançar os 13,3% (talvez um bocadinho mais), e só a partir daí descer. Despedir vai ser mais fácil, as indeminizações vão ser mais curtas. Oficialmente, há neste momento mais de 12% de licenciados desempregados.
E quando ficam desempregados, são filhos obedientes: dizem-lhes para apostar na formação e eles assim o fazem: tiram cursos, mestrados, pós-graduações, são certificados em línguas e informática, podem dar aulas e conduzir carrinhas industriais. E criam as suas próprias empresas.
Nos últimos 3 anos, desapareceram quase 19 mil empresas em Portugal. Mais de metade das empresas não sobrevive os primeiros 5 anos. A nível nacional, 4.807 empresas não têm bens para pagar os 136 milhões de euros que devem. E a situação agrava-se de cada vez que as pessoas vêm as notícias e decidem não ir ao café, não ir ao restaurante, e passar a tarde no centro comercial, em suma: afundar as pequenas e médias empresas nacionais.
E é nestas alturas que eu penso: vou de férias em breve, finalmente!
(Não, vou mesmo ser despedida por um mês ou dois.)
B.
B.
4 comentários:
Tens um monteeee enorme de razão!
no entanto no ano passado foi apresentada uma proposta de lei que mudava alguns feriados de forma a reduzir os dias parados, cortava as pontes e mudava os feriados de terças e quintas para segundas e sextas respectivamente. ainda está aqui http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=PS-quer-alterar-feriados.rtp&headline=20&visual=9&article=353096&tm=6
mas claro que todos rejeitaram a ideia e claro que a igreja começou logo a ladrar. fdp's
@Guerin, Sabes que o Cavaco Silva também já tinha proposto isso...
nop, não sabia. talvez ele proponha agora e desta vez talvez passe.
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