sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Os clubes de futebol comparados a filmes


Liga. O meu clube dava um filme


Na última temporada, o FC Porto ganhou o prémio de melhor actor (Hulk), melhor actor secundário (Falcao), melhor realizador (André Villas-Boas) e até melhor argumento, graças à reviravolta na eliminatória da Taça de Portugal frente ao Benfica. Para este ano as expectativas cinematográficas voltaram à estaca zero, mas os nomeados são praticamente os mesmos. O Kodak Theatre à portuguesa conta agora com a participação de Gil Vicente e Feirense, que entraram para os lugares de Naval e Portimonense, que este ano estão mais ao nível dos razzies. Aproveitando o espírito, o i decidiu associar um filme a cada uma das equipas. Já sabe, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidencia


Benfica
“Maria Antonieta”
 Luxo e ostentação. Um plantel gigante, milhões de euros desbaratados na compra de jogadores. Mas se por acaso as coisas correrem mal – fome em França ou derrotas na Luz – as cabeças começam a rolar. E a de Jorge Jesus é a primeira na fila para a guilhotina, como aconteceu
à estadista francesa.

FC Porto
“Avatar”
 Seres azuis de um planeta à parte resistem a plantéis reforçados de invasores ano após ano. Nem a artilharia mais pesada consegue demover estes seres mágicos com uma estranha obsessão por uma planta que foi lá plantada há uma eternidade

Sporting
“Mamma Mia!”
 O repetitivo filme de 2008 encaixa no repetido entusiasmo de início de época. “Mamma Mia!, cá vamos nós outra vez”, canta-se com ânimo. Até que nos versos seguintes se lamenta: “Sim, eu fiquei de coração partido”, numa clara referência aos resultados de outras épocas.

Sp. Braga
“Encontros Imediatos do Terceiro Grau”
 Dura há anos a conversa sobre o quarto grande. Um assunto quase místico, abordado com cepticismo científico ou comentado com a paixão de um ovniólogo. Há vida nos outros planetas? Estamos sozinhos? Quem é afinal o quarto grande?

V. Guimarães
“Mulholand Drive”
 Porque o discurso do seu treinador, Manuel Machado, é “cinema de autor”. Ou seja, da mesma maneira que os filmes tipo David Lynch são descritos como “lynchianos”, de cada vez que alguém se perde em construções frásicas paquidérmicas é tido como praticante do “manuel machadês”.

Marítimo
“Waterworld”
 Só porque o primeiro jogo do Marítimo é contra o Beira-Mar e o excesso de referências aquáticas lembra este filme, um dos que mais água meteram na história recente de Hollywood.

Beira-Mar
“Lawrence da Arábia”
 Mas ao contrário. Em vez de ser um ocidental enviado para as Arábias, é um milionário árabe que aterra em Aveiro para fazer os adeptos do clube sonhar com injecções irresponsáveis de dinheiro. Majid Pishyar já fez saber que quer fazer do Beira-Mar o quarto grande, sinal de que deve precisar de muito espaço para o seu harém.
Nacional
“Momentos de Glória”
 Não porque vão viver momentos de verdadeira glória, mas porque vão jogar como naquela famosa cena
de corrida à beira-mar: em câmara lenta, de forma muito dramática, ajudados pela música de Vangelis.

Feirense
“Um Vagabundo na Alta Roda”
 Nesta fita de 1986, Nick Nolte faz de sem-abrigo que, num golpe de sorte, consegue viver a vida de um milionário. Mas, como é frequente escrever-se nas sinopses, “nem tudo é o que parece”. E o nosso protagonista depressa percebe que o lugar dele não é na alta roda da sociedade. Perdão, do futebol.

Paços de Ferreira
“Um Porquinho Chamado Babe”
 No início do filme ninguém dá nada por Babe – a não ser um futuro promissor enquanto leitão assado. Mas o pequeno e discreto porco consegue provar que é mais do que um suíno de carne tenra. Da mesma maneira que o Paços de Ferreira pode surpreender com uma equipa jovem e determinada.


U. Leiria“O Feiticeiro de Oz”
Porque jogadores e técnicos vão continuar a acreditar, tal como a cândida Dorothy, que basta dizer três vezes “there’s no place like home” para voltar a casa. Não vai funcionar. Os desgraçados vão mesmo ter de ir e vir à Marinha Grande para jogar e treinar.

Rio Ave
“Suspeitos do Costume”
 É a 11.ª época de Carlos Brito como treinador do Rio Ave e o plantel tem poucas novidades. Tudo indica que os suspeitos do costume vão fazer mais do mesmo. Isto é, ficar a meio da tabela. No entanto, uma reviravolta pode fazer com que este filme tenha um final feliz. Ou não tivesse o Rio Ave contratado um jogador com esse nome.”

Olhanense
“Easy Rider”
Com sede em Olhão, é o clube que mais quilómetros vai fazer durante a época. Aconselha-se calma e prudência no asfalto e uma atitude mais radical junto à erva, como no filme de Dennis Hopper. Não menosprezar o clube que, nesta pré-época, venceu o 27.º Troféu António Concepcion Reboura ao golear o Ayamonte.

Gil Vicente
“Palpitações”
Tal como os monstros deste filme-xaropada das tardes de domingo, o Gil Vicente passa grande parte do tempo debaixo do chão – i. e. na segunda divisão – e quando assoma à superfície há logo um magote de gente a querer acabar com ele. O primeiro jogo é logo contra o Benfica, para não se habituarem.

Académica
“O Insustentável Peso do Trabalho”
 Porque é um filme sobre o mundo do trabalho, a luta para ser promovido ou evitar a despromoção. É nesse segundo ponto que os “estudantes” (sempre com aspas, não vá alguém desconfiar) têm de se aplicar nesta época.

Vitória de Setúbal
“Afirma Pereira”
 Dívidas, salários em atraso e processos em tribunal. Devia ser um drama sobre administração de empresas. Mas como nunca foi gravado um filme desses, recomendamos “Afirma Pereira”, fita com Mastroiani que não tem nada a ver, mas se estivermos distraídos pode soar a “A Firma Pereira”. E isso podia bem ser um filme

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